Imagine


(Por: Mariano Andrade)


Portugal, 1759. Marquês de Pombal decide extinguir o sistema de hereditariedade das capitanias do Brasil. Prestes a assinar o ato, ouve a ponderação de seu assessor: “Mas a hereditariedade é um direito adquirido de famílias de fidalgos”. Então, o marquês decide voltar atrás e mantém a hereditariedade das terras. Imagine como seria a História...

Brasil, 2015. Um governante corajoso realiza uma reforma ministerial apontando, para cada pasta, a pessoa mais competente para o cargo, independente de filiação partidária ou de influência no parlamento. Imagine como seria a História...

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Brasil, 1888. Princesa Isabel relê o texto da Lei Áurea, mas antes de assiná-la é interpelada por um conselheiro que alerta: “Pense nos senhores de escravos, eles perderão direitos adquiridos”. A princesa reflete, põe de lado a pena e rasga o papel. Imagine como seria a História...

Brasil, 2015. Um governante visionário reforma a previdência social enfrentando a dura realidade de que o dinheiro acabou. Propõe, portanto, o fim de pensões vitalícias e outras benesses descabidas. Determina ainda um teto de benefício de 25 mil reais por CPF. Um tecnocrata alerta que isso ferirá direitos adquiridos, ao que o governante responde: “é a única maneira de consertar, não há dinheiro para manter o status quo, os tempos mudaram e alguém tem que ceder”. Imagine como seria a História...

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Inglaterra, 1984. O sindicato dos mineiros de carvão decide instalar uma greve, protestando contra a redução de subsídios governamentais ao setor e decorrente fechamento de minas improdutivas. Margaret Thatcher enfrentava a situação com posição irredutível, lastreada na necessidade de tornar o setor eficiente e de enfraquecer os movimentos sindicais. Thatcher capitula quando alguns mineiros decidem fazer greve de fome, acata as demandas do sindicato e mergulha o país em uma década de ineficiência.
Imagine como teria sido a História...

Brasil, 2015. A greve dos correios é enfrentada com firmeza pelo governo, que decide demitir funcionários, privatizar a empresa e abrir o setor para a livre competição. Alguns anos depois, os brasileiros contam com serviço de qualidade, com suas encomendas sendo entregues e recebidas em poucos dias, sem danos ou extravios. O fundo de pensão da empresa é saneado com a nova gestão. Imagine como seria a História...

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EUA, 1981. Os Estados Unidos enfrentam inflação de dois dígitos e déficit orçamentário. Ronald Reagan propõe um plano de corte de impostos, visando o aumento da eficiência produtiva e criação de empregos, com a visionária ambição de que o crescimento do país, o fortalecimento do mercado de capitais e a retomada da economia curariam as contas públicas no longo prazo. Os tecnocratas de plantão alertam: “teremos piora do déficit nos próximos anos”. O parlamento derruba o plano e, ao contrário, aprova no parlamento novos impostos paliativos, visando um pequeno superávit no curto prazo. A decisão mostra-se equivocada, inibindo investimentos e sucateando a economia americana pelas duas décadas seguintes. Imagine como seria a História...

Brasil, 2015. Os ministros da Fazenda e do Planejamento recompõem a credibilidade do país anunciando um amplo corte de custos, além de uma agenda de redução de impostos e simplificação do sistema tributário. A economia volta a crescer fortemente e o mercado vislumbra duas décadas virtuosas para realizar investimentos no país, a despeito de um déficit fiscal de curto prazo. Imagine como seria a História...

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Venezuela, 2004. A oposição consegue aprovar uma consulta popular para votar a interrupção do mandato de Hugo Chávez, presidente que contava com um índice de aprovação baixo. O pleito ocorre sem fraude e Chávez é removido do cargo, sendo substituído por um governante que devolve a democracia ao país, restabelece o império da lei e o respeito à propriedade privada, trazendo esperança no lugar de miséria. Imagine como seria a História...

Brasil, 2015. Uma oposição aglutinada em prol do bem do país consegue convocar um referendo para consultar a população sobre a permanência ou não de Dilma no poder, visto seu índice de aprovação de apenas 7%. O pleito ocorre sem fraude e a presidente é removida de seu posto com uma derrota esmagadora. Imagine como seria a História... 

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Imagine criar seus filhos numa sociedade melhor. Imagine tocar o seu negócio num regime tributário simples e medido. Imagine viver num país onde seus impostos são usados de forma honesta e eficiente na prestação de serviços públicos. Imagine viver numa sociedade onde o crime não compense.

You may say I’m a dreamer, but I’m not the only one…


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