Sonho grande – Carta aberta a Michel Temer


Excelentíssimo senhor Temer,

Junto a outros milhões de brasileiros cansados de assistir à deterioração do Estado brasileiro, enchi-me de esperança com a vitória do impeachment na Câmara dos Deputados. Nós brasileiros depositamos nossa esperança em seu vindouro governo, que terá a hercúlea tarefa de reparar tantos males causados por treze anos de lulopetismo.

Tento não perder o ânimo quando leio sobre seus possíveis homens de confiança e eventuais ministros. Trata-se de um momento muito delicado: retrocedemos algumas décadas sob a batuta petista e urge recuperar o terreno perdido. Neste momento, um ministério de indicações políticas trará um custo gigantesco para o Brasil e nos colocará de vez numa espiral viciosa que destruirá mais algumas décadas.

Ao contrário, o momento é de descrença na classe política: este foi o grande legado do PT, infelizmente. De forma a conquistarmos a mínima credibilidade necessário para que o país tenha fôlego para implementar as reformas necessárias, é preciso empossar um ministério de “craques”. Por isso, escrevo-lhe com o intuito de compartilhar meu “sonho grande”.

A começar pela pasta do Planejamento, não podemos prescindir de um minucioso controle de despesas e de maior eficiência dos gastos públicos. Felizmente, o Brasil conta com o mais bem-sucedido time de gestores especializados em racionalização de custos, o vitorioso time da 3G. Marcel Telles é um ótimo nome para o Planejamento, pois coordenaria com mão firme o uso virtuoso dos recursos públicos bem como instalaria sistemas de meritocracia em diversas esferas governamentais – ou seja, tudo o que ele já fez no setor privado com estrondoso êxito em repetidas ocasiões.

No Ministério da Fazenda, Armínio Fraga é obviamente um excelente nome. Mas ele já traz consigo uma certa bagagem pelo fato de já ter ocupado a presidência do Banco Central e de ter “participado” da campanha eleitoral de 2014. Há outros da mesma estirpe que entregariam a mesma excelência de gestão e resultados. Andre Jakurski, por exemplo, é um ótimo nome: gestor brilhante, com formação de primeira linha e capaz de pensar no curto, médio e longo prazos.

Para o Banco Central, há apenas um nome: Luis Stuhlberger, o “mestre Yoda” dos gestores financeiros, uma lenda viva. Quer operar contra o Banco Central? Faça-o por sua conta e risco, pois do outro lado estará um dos melhores gestores do mundo. Certamente, conquistaríamos uma credibilidade valiosa na condução da política monetária.

Na pasta da Educação, prefiro me abster de propor qualquer nome. Sugiro que, para esta nomeação, consulte-se o empresário brasileiro que mais investiu em educação ao longo destes anos: Jorge Paulo Lemann. Ele não só idealizou diversos programas de sucesso, como também insiste em se manter na fronteira da excelência no campo educacional, empregando para tal os melhores profissionais do mundo.

Nas pastas da Indústria e Comércio, Agricultura, Cultura e tantas outras é imperativo que sejam escolhidos empresários dos respectivos setores. Os empreendedores sabem melhor que ninguém quais são os gargalos do seu respectivo setor, quais são as armadilhas, qual a destinação ótima dos recursos públicos. Não temos tempo para testar tecnocratas ou programas de nomes mirabolantes – precisamos de eficência em toda a cadeia produtiva. Felizmente, o Brasil é repleto de empresários de sucesso, que sobreviveram a diversos pacotes econômicos, à hiperinflação, ao calote da dívida externa, ao confisco da poupança e que seguem produzindo resultados apesar do ambiente hostil a negócios que se instalou no país. Precisamos deles no comando.

Com estes craques em campo, teríamos a credibilidade necessária para adotar uma política supply-side que nos livre de remendos fiscais como CPMF e outras aberrações. Poderíamos, já no curto prazo, ter mais eficiência, reduzir custos, baixar impostos e juros. Qualquer outra agenda numa economia que tributa 40% do PIB (além de outros 10%, 20%, 30% do PIB em serviços que o Estado não presta adequadamente e que o cidadão tem que contratar) será fadada a “bater no muro”. Precisamos cortar impostos, com a contrapartida de aumentar a eficiência do Estado, de modo que a economia cresça. E, com isso, gere mais arrecadação: só que, desta vez, pelos motivos certos.

Por que pessoas tão bem-sucedidas aceitariam o risco de trabalhar no governo? Porque o senhor lhes dará autonomia para fazer o que deve ser feito. Porque o Brasil precisa deles para retomar o rumo correto. Porque estas pessoas também desejam um país melhor para seus filhos e netos. Porque o empresariado  brasileiro é generoso e atenderá o chamamento de reconstrução.

O senhor e sua equipe política saberão conduzir com maestria  a agenda em Brasília, o que não será trivial sob a raivosa oposição petista. No entanto, o senhor detém o cacife político necessário para aglutinar o parlamento e instalar as reformas urgentes. Poderemos finalmente tirar do papel as reformas da previdência, política e constitucional. Precisamos de arcabouços que nos dêem a flexibilidade necessária para termos competitividade no século XXI, e já partimos com duas décadas de atraso.

Vamos suar a camisa e recuperar o “tempo perdido”, afinal de contas “nosso suor sagrado é bem mais belo que este sangue amargo” petista.

Boa sorte ao Brasil.




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