(Por: Mariano Andrade)
O presidente Michel Temer tem
sido firme nas negociações das reformas. Há uma chance razoável de – em apenas
dois anos – Temer engendrar a aprovação das reformas previdenciária,
trabalhista e política.
Temer é impopular, tachado de
golpista por diversos setores da sociedade e próximo a diversos políticos
citados nas delações da Odebrecht. Temer não foi eleito presidente (assim como
Sarney e Itamar), mas sua chapa foi eleita pelo voto direto duas vezes. Ainda
assim, Temer tem o estigma de ilegítimo.
Que bom! Trata-se de uma
grande vantagem para ele e o habilita a mudar o Brasil.
Nenhum candidato seria eleito
com uma plataforma de reformas impopulares no curto prazo, pois alteram o status quo e tiram diversos grupos de
sua zona de conforto. Politicamente, é difícil propor reformas cujos benefícios
começarão a ser percebidos em 5, 10 ou 30 anos. Mesmo nos países nórdicos, que
gozam de alto nível de educação, seria difícil imaginar um candidato com este
tipo de agenda de longo prazo vencendo um pleito. No Brasil, país com baixo
índice de escolaridade e polpudas benesses para grupos seletos, é virtualmente
impossível.
No entanto, Temer tem o manto
da ilegitimidade. Chegou ao poder pelo convoluto impeachment de Dilma, rompeu
com o PT, está ainda no prego no TSE e, aparentemente, não tem grandes
pretensões eleitorais para o futuro. Pode, no liguajar chulo, “ligar o foda-se”
e fazer as reformas que todos entendem necessárias mas que nenhum antecessor ousou
levar a cabo, pela provável morte política e eleitoral que lhe resultaria.
Margaret Thatcher, durante seus
mandatos de primeira-ministra, foi impopular. Teve breves episódios de melhoria
de aprovação quando da campanha na guerra das Malvinas e também na sequência do
atentado que sofreu em Brighton. Entretanto, no cômputo geral, pesaram mais sua
obsessão em privatizar diversas companhias estatais ineficientes, seu combate
frontal aos sindicatos, sua irredutibilidade frente à longa greve dos mineiros
de carvão (e de outros setores sindicalizados), e sua postura de não capitular na negociação com grevistas ou terroristas presos que lançavam mão de greve de fome. Esta postura resoluta
na busca por quebrar importantes paradigmas acabou determinando sua
impopularidade e seu alcunho “Dama de Ferro”.
Algumas décadas depois, poucos
discordam que Thatcher foi um ícone. O Reino Unido tornou-se uma economia muito
mais eficiente com as privatizações e o
estado ficou mais leve. Thatcher criou espaço para reduzir impostos, fomentando
com isso a atividade econômica e o investimento por diversos anos. Houve
aumento do emprego, uma vez que o custo sindical fora severamente reduzido.
Muito deste ciclo virtuoso só foi plenamente verificado após o fim da era
Thatcher, de sorte que ela não desfrutou da popularidade que, por mérito, lhe
caberia.
Que Temer siga o mesmo caminho
de Thatcher: peite os sindicatos e consiga extirpar este câncer no Brasil,
privatize tudo o que for possível, reduza o tamanho do estado para depois
cortar impostos e não se curve perante manifestações barulhentas. Com isso,
conseguirá mudar o Brasil de verdade, acabando com muitos dos velhos vícios da
nossa sociedade e tornando o país mais competitivo para as próximas décadas.
Como diria João Dória, “acelera,
Temer”.
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