(Por: Mariano Andrade)
Ah, os
artistas... Sempre eles...
Samuel
Rosa, líder da banda Skank, tentou dar um recado durante sua apresentação no Rock In
Rio mas não foi muito feliz. Esboçou uma linha de raciocínio meio tosca para
esculachar os políticos brasileiros e separá-los do povo. Ninguém discorda que
nossos políticos merecem ser esculachados, extirpados, presos. Mas você
acredita mesmo no povo brasileiro, Samuel? Quem colocou os políticos em seus cargos, Samuel? “Cada povo tem o governo que merece”, já dizia Joseph-Marie
Maistre em 1811.
O pior foi
a reação do povão – aquele em que Samuel acredita. Os brados de “Fora, Temer”
ecoaram em uníssono pelo mar de gente que lotava a Cidade do Rock. Será que ninguém
entendeu nada? Samuel tentava separar o povo brasileiro de toda a escória
política, e a galera responde com bordão de cunho político. Será que sabem
que Rodrigo Maia – outro político, de família e de carteirinha – assumiria o
comando? Meu Deus... Só faltou o grito de “Volta, Lula” para carimbar de vez que “a gente
somos inúuuutel”.
Samuel
tentou consertar, afirmando que – “de um lado ou de outro, nós não nos
parecemos com os políticos”. Pareceu tentar dizer que, independente de sua
ideologia, nenhum político lhe representa. Mas o “Fora, Temer” continuou. Seria
bom Samuel esclarecer de qual lado ele próprio está, visto que vez ou outra fez
declarações pró-PT. Samuel, as malas de dinheiro às quais você aludiu são
atribuídas a um sujeito que era ministro do governo PT...
No meio do
seu “discurso”, Samuel afirmou que o dinheiro das malas deveria estar sendo
empregado em mais leitos nos hospitais, na educação, nas estradas e “para a
nossa criançada não cair no crime”. Como o sujeito que tem uma banda batizada com nome de entorpecente (e que, naquele mesmo palco em 2013, fez uma leve apologia à maconha) pode querer passar uma mensagem anti-drogas? Será que estava chapado?
Samuel
ensaiou um acerto ao criticar a “passividade” do povo brasileiro que
“felizmente está se dissipando”. Relaxa, Samuel: daqui a pouco tem carnaval no
país tropical e aí a passividade deixa de dissipar e volta com força total. Pena que, num piscar de
olhos durante sua fala, Samuel “passivamente” desistiu de criticar a parcimônia
do brasileiro, perdendo uma grande oportunidade de atribuir ao nosso eleitorado
bobalhão a sua justa parcela de culpa nisso tudo.
Na
sequência, Samuel entoou a canção “Indignação”.
Como o discurso foi uma baita bola fora, poderia tê-lo emendado com o hit “É uma partida de futebol”.
Festival de
rock é um bom lugar para protestar e, de fato, não faltam motivos para protesto no Brasil – Lula, Temer, Aécio, Dilma, Geddel, etc. Mas os artistas se esforçam para desafinar. Dinho até deu o recado em 2013,
mesmo que atrapalhado e sem eloquência. João Barone atravessou feio o tempo em
2015. E agora Samuel nos deixa rosas de vergonha... Dá-lhe, Fabio Júnior!
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