(Por: Mariano Andrade)
O filme “A
lula e a baleia” retrata o divórcio de um casal novaiorquino e como o processo de guarda
compartilhada afeta seus filhos. Os irmãos ficam divididos, sendo que o mais
velho toma o lado do pai e o caçula tacitamente se aproxima da mãe.
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Assim como
a família do filme, Lula está dividido. Ele sabe que a situação fiscal do
Brasil é gravíssima e que a reforma da previdência é indiscutivelmente necessária.
Por outro lado, se puder ser candidato a presidente e eventualmente se eleger (...
mas livrai-nos do mal, amém ...), ele perderia muito capital político
capitaneando um arrocho fiscal.
Lula é
muito bom em surfar o que os outros fizeram antes dele e tomar para si a
autoria daquilo que deu certo e/ou que caiu no gosto do eleitorado.
Provavelmente, é sua maior competência. O grau de investimento foi conferido ao
Brasil durante seu mandato, fruto da Lei de Responsabilidade Fiscal promulgada
na gestão FHC. Mas Lula tomou para si esta conquista. O bolsa-escola, criado
também na era FHC, virou o bolsa-família e Lula usurpou os direitos autorais.
E por aí vai.
Portanto,
no âmago, Lula é favorável à reforma da previdência já, no governo Temer, para
que seu eventual terceiro mandato possa colher os frutos e se alavancar com
aquela propaganda petista que já conhecemos bem. Alguns dos frutos seriam um
ciclo mais longo de juros baixos, uma maior possibilidade de (finalmente)
termos alguma redução de carga tributária e, quem sabe, uma taxa de crescimento
mais digna de economia emergente. Imaginem José de Abreu cuspindo aos quatro
ventos estas “conquistas do PT” no horário gratuito.
Mas há uma
baleia no caminho de Lula: o PT. Os deputados e senadores petistas querem se
reeleger em 2018 e garantir mais alguns anos de imunidade parlamentar. Essa é a
agenda prioritária da turma de Brasília. Neste sentido, votar a favor da
reforma da previdência seria um tiro no pé, pois certamente é uma postura muito
impopular no curto prazo. A baleia é fiel à lula, pero no mucho.
A baleia
petista é um filhote perto do estado monstruoso que foi criado no Brasil. A
baleia estatal custa uma fortuna todo santo dia, e os gastos só aceleram por
conta de mecanismos perversos. Ou seja, a gigantesca baleia está nadando cada
vez mais rápido em direção ao fundo do oceano e, em breve, atingirá um ponto a
partir do qual não conseguirá subir à superfície – morrerá afogada (em
português claro: acabou o dinheiro). A previdência é uma nadadeira muito
potente propulsionando a baleia para o fundo e Lula sabe disso. Ou seja, Lula
tem em mãos uma escolha difícil – lutar com a baleia petista já ou esperar para
enfrentar a baleia estatal (muito maior e engordando) em 2019.
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O filme
termina com o irmão mais velho juntando forças e “enfrentando” visualmente um
painel no Museu de História Natural em NY que julgava assustador. Trata-se da
exibição “A lula e a baleia” que mostra uma “luta” entre uma lula gigante e um
cachalote. Um eventual embate entre Lula e o PT pode ser assustador, mas
esperar até 2019 para enfrentar o quadro fiscal será muito mais aterroziante.
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